Saúde mental, precisamos conversar sobre isso - Colégio PoliBrasil

Saúde mental, precisamos conversar sobre isso

 

Diante do cenário que vivemos de incertezas econômicas, medo da pandemia, receio em relação à situação política do nosso País, uma enxurrada de notícias delicadas e devastadoras, tudo isso somado aos estresses do Home Office, nos encontramos em um estado bastante delicado em relação à saúde mental.

É preciso, sobretudo, entendermos o que é a saúde. Segundo a Organização Mundial de Saúde, saúde não é apenas a ausência de dores ou afecções, mas sim um estado de completo bem estar físico, mental e social. Não somente a ausência de uma enfermidade.

Se uma pessoa tem uma dor de cabeça ou um dedo que está machucado ninguém vai dizer para essa pessoa: “isso é coisa do seu dedo, não dá bola, deixa pra lá, põe a cabeça em outro lugar, esquece, com o tempo passa.

Não! Nós vamos orientá-la a procurar um remédio, um especialista, tomar algo, nem que seja um chazinho, descansar, fazer um curativo. Pois então, esta mesma atitude precisa ser tomada quando temos uma questão de saúde mental!

Uma definição simples pode ser colocada da seguinte forma: saúde mental significa pensar, sentir e agir com vitalidade interior, conexão autêntica e significativa com os demais e com a sensação de que a vida tem sentido.

Isso significa que uma parte da saúde mental vai nos reverberar uma saúde física também poderosa e uma não anda sem a outra, muito ao contrário.

Hoje se sabe que cuidar da nossa saúde física impacta a nossa saúde mental. É difícil, por exemplo, tomar uma decisão com uma unha encravada, quase impossível dar uma aula com dor de barriga.

Da mesma forma, estar em estado de depressão, ansiedade e angústia também afeta nossa saúde física. Por isso é preciso dedicar esforços para cuidar de manter e/ou construir bons pensamentos, bons sentimentos, bons comportamentos. E a base de tudo isso tem muito a ver com a lente que usamos diante da vida: no lugar de olharmos apenas as dificuldades e os problemas, lembrar que este mesmo estado de pandemia, que hoje nos traz sim muita angústia, nos permitiu ou nos obrigou, dependendo do caso, a sair do automático e avaliarmos a nossa vida.

Saúde mental significa compreender que temos sentimentos, mas não precisamos nos vitimizar passivamente diante deles. Em algum grau podemos sim manejar aquilo que sentimos e nem sempre é preciso agir de acordo com a nossa vontade: se temos vontade de algo, mas aquilo não é bom para nós, é preciso lutar para conter o emocional, colocar a cabeça em outro lugar, esforçar-se para escapar daquela tentação! O contrário também é verdadeiro: se não temos vontade de fazer algo, mas é muito importante que o façamos, é preciso uma batalha interna para reagir e fazer aquilo que agrega valor para nós!

É preciso entender que saúde mental é um ato, é um gesto, é uma atitude diante da vida, de não ser refém dos nossos desejos e isso é o que nos diferencia de um animal, que é meramente movido por seus instintos.

O simples ato de olhar para a natureza por alguns instantes, de parar por um instante como uma criança faz para olhar uma nuvem bonita, para notar, de verdade, um passarinho que às vezes passa pela nossa janela, pode ser aquela plantinha que você tem na sua cozinha.

Saber contemplar é um ensinamento lúdico muito importante, cuidar dos nossos sentidos significa sentir mesmo o sabor daquilo que comemos, o aroma do banho, procurar usar da nossa sensibilidade de uma maneira positiva e assim também cuidar de colocarmos em nosso corpo uma roupa macia, um creme agradável, sentir quando escovamos os dentes, sentir a escova passeando dentro de nossa boca, sentir o gosto daquilo que tomamos.

Quem sabe cuidando destas pequenas e essenciais coisas que entram em nossas vidas pelos cinco sentidos, possamos recobrar aquilo que hoje nos é mais importante: a sensação de que a vida tem sentido.

Nossos alunos aprendem na Seção Pensar, Sentir e Agir, e de diversas outras maneiras no curso da metodologia OPEE, a manejar suas emoções, ouvi-las, identificá-las, nomeá-las, mas não necessariamente se tornar refém passivo delas.

Exatamente por estarmos neste momento numa estrada com névoa tão densa, que não nos permite ver o futuro com clareza, é que precisamos andar a cada passo com cuidado, com equilíbrio, com humanidade.

Hoje a ciência nos ensina que imunidade tem tudo a ver com humanidade e para que nós possamos humanizar a sala de aula, sermos presença transformadora junto aos nossos alunos, o convite que a vida nos traz é justamente que nós nos tratemos não como coisa, mas sim como gente, e gente trata gente com gentileza.

Humanizemo-nos, sejamos nós aqueles que se tratam com carinho, vamos aproveitar o fato de trabalharmos com Projetos de Vida e vamos cuidar de projetar vida aos anos que estamos vivendo.

Como diria Cora Coralina: não podemos acrescentar dias, anos à vida. Nós podemos sempre acrescentar vida aos nossos dias e aos nossos anos.

Saúde mental não quer dizer que não teremos momentos difíceis, tempestades ou situações delicadas, muito ao contrário. Afinal, se não podemos escolher aquilo que iremos viver, podemos sim escolher, em certa medida, como iremos enfrentar os desafios e as adversidades de nossa vida.

Vale também lembrar que temos nossa equipe de assessoria pedagógica, temos toda uma comunidade de professores da metodologia OPEE que tem se dado apoio, que tem se dado suporte e quando um educador pede ajuda a outro, cria-se a tão importante comunidade, afinal de contas somos todos anjos de uma asa só, voando para o mesmo destino, ao encontro da luz.

Nós, quando nascemos, viemos da luz! Este é o verdadeiro destino do ser humano: encontrar a sua luz para ser presença iluminadora no mundo.

Texto: Leo Fraiman (autor da Metodologia OPEE)| Foto: Depositphotos

 

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