Pode ser comum associar a resiliência com pessoas que têm capacidades altamente adaptativas e que conseguem se refazer diante de situações adversas. Porém, este conceito pode ser entendido de forma mais ampla, primeiramente, não apenas referente a indivíduos, mas a sistemas. A professora e estudiosa da temática da resiliência, Ann Masten, da Universidade de Minnesota, define a resiliência como a “capacidade de um sistema de se adaptar com sucesso a perturbações que ameaçam seu funcionamento, sua sobrevivência ou seu desenvolvimento, ou seja, comunidades, empresas, escolas e não apenas indivíduos podem ser considerados resilientes.
O que é interessante na visão de Ann Masten, a partir das pesquisas que realiza há décadas, é que o processo de resiliência não advém de uma característica excepcional ou incomum, mas sim de sistemas e fatores relativamente comuns que operam de maneira funcional. Nesse sentido, ela sinaliza que os fatores de proteção para a resiliência são relacionados a sistemas adaptativos fundamentais, como por exemplo, relações de pertencimentos, habilidade de autorregulação e de resolver problemas, parentalidade eficiente, comunidades com bom funcionamento, entre outros.
Com isso, podemos perceber que os processos de resiliência dependem não apenas do indivíduo, mas também do contexto e de outros sistemas, como o sociocultural, sendo que as possibilidades de enfrentamento de adversidade podem ser favorecidas ou refreadas por este contexto, principalmente no que se refere ao suporte após o evento traumático.
Este apoio é elemento crucial para os caminhos de elaboração e representação do acontecimento. Não se trata de ignorar ou minimizar o sofrimento alheio e nem de subestimar a capacidade do indivíduo em lidar com a situação, mas de proporcionar um suporte adequado e afetivo.
Masten, A. S., & Barnes, A. J. (2018). Resilience in Children: Developmental Perspectives. Children (Basel, Switzerland), 5(7), 98
[1] Masten, A. S., & Barnes, A. J. (2018). Resilience in Children: Developmental Perspectives. Children (Basel, Switzerland), 5(7), 98
Temáticas propostas ao longo do curso da Metodologia OPEE estão intimamente ligados com a resiliência, uma vez que falamos de processos da vida, escolhas, autoconhecimento, como lidar com emoções, reconhecendo-as e direcionando-as, aprendendo a encará-las, compartilhar e cooperar, entre outros aspectos que podem auxiliar o desenvolvimento emocional, cognitivo e social saudável de crianças e jovens.
Recursos que proporcionem a expressão de si e do mundo interior e o compartilhamento de preocupações, sofrimentos e alegrias, bem como a busca conjunta por alternativas e novas perspectivas pode ser muito enriquecedor e favorecer o bom encaminhamento de novas narrativas e percepções de si. Podem ser utilizados como apoio: textos, filmes, TED’s, poemas, obras de arte, passeios virtuais em museus, aproveitar o próprio repertório dos alunos e do que é relevante para eles, contribuindo assim para que estejam em um ambiente acolhedor e favorecedor de comunicação e não de violência, favorecedor de partilha e não de silêncios.
Texto: Mariana Gonçalo | Foto: Depositphotos