Entenda como a autocompaixão é mais poderosa que a autoestima - Colégio PoliBrasil

Entenda como a autocompaixão é mais poderosa que a autoestima

Em uma sociedade que se esforça muito para nos manter insatisfeitos com nós mesmos, o que seria melhor do que sentir o contrário e gostar de si? Parece o plano perfeito: contra os padrões de beleza, apreciar o próprio corpo; em vez de se colocar pra baixo, se perceber como um ser inteligente e capaz de superar desafios. Mas Kristin Neff, pesquisadora americana especialista em autocompaixão, traz uma perspectiva diferente no livro “Autocompaixão – Pare de se torturar e deixe a insegurança para trás”. Em vez da autoestima ser considerada a causa do bem-estar, de bons desempenhos acadêmicos e profissionais, bem como do desenvolvimento de habilidades de liderança, descobriu-se que ela é, na verdade, a consequência de comportamentos saudáveis. Enquanto nos anos 1980 – e nas décadas posteriores – se acreditava que a solução para nossos problemas era fortalecer nosso amor próprio. Em contraste, Kristin Neff salienta que a autocompaixão não tenta definir nosso valor. Ela honra o fato de que somos seres humanos falhos, com pontos altos e fortes, com nuances e complexidades. Sucessos e fracassos vêm e vão, nossas experiências são vivas e mutantes, como a natureza. A autocompaixão é uma forma de se relacionar consigo mesmo dentro desse contexto, de ter consciência do momento presente e vivenciar suas experiências com melhor qualidade. Diferentemente da autoestima, os bons sentimentos advindos da autocompaixão não são condicionados a desempenho, julgamentos, imagem, vitórias e reconhecimento. Eles entram em cena justamente quando nosso amor próprio nos decepciona. “Quando a fantasia inconstante da autoestima nos abandona, o abraço abrangente da autocompaixão está lá, esperando pacientemente”, escreve Kristin.

Assim, os mais recentes achados da ciência mostram que a autocompaixão oferece as mesmas vantagens da autoestima, sem as desvantagens desta última, que invariavelmente nos deixa na mão. Naturalmente, quem é mais autocompassivo terá maior autoestima do que autocrítica, bem como maior aceitação de si mesmo, maior senso de interconectividade com as pessoas – uma importante proteção à ansiedade –, maior estabilidade emocional, entre outros benefícios. Quanto mais energia colocarmos em nos acolhermos, nos aceitarmos, nos darmos tempo para sentir o que for – sem julgamentos, sem pressa –, mais estamos fortalecendo nossa autocompaixão. Mais e mais provamos para nós mesmos que estamos aqui, sempre e incondicionalmente, como nosso próprio suporte e mais importante aliado nessa vida.

 

Texto: Marcela Braz.

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