Orientação profissional em um mundo tecnológico - Colégio PoliBrasil

Orientação profissional em um mundo tecnológico

Um dos eixos propostos na Metodologia OPEE é sobre a temática das escolhas profissionais e mercado de trabalho, considerando as adequações para cada faixa etária e as dúvidas e curiosidades que vão sendo despertadas ao longo do desenvolvimento dos alunos. Em tempos em que muitos alunos acessam conteúdos por meio de seus tablets, smartphones e até mesmo ferramentas como chat GPT, Bing e outros chatbots, é comum nos questionarmos sobre o futuro das profissões e observar escolhas profissionais pautadas pelas tendências ou ideias como “essa profissão deixará de existir”, “essa profissão será substituída”, “esta profissão está em alta”. Se por um lado, o acesso e conectividade com dados e informações hoje é mais fácil e ágil, por outro, a tarefa humana de se reinventar constantemente e buscar um sentido para suas atividades e escolhas continua sendo um grande desafio. A lógica da busca por soluções acessíveis e de fácil alcance se expande para diversas áreas da vida, desde comprar um produto que pode ser entregue em casa (vindo de um local próximo ou até de outro país), ler um livro no formato digital a que antes não poderia se ter acesso, a não ser no formato físico, buscar um parceiro(a), ou conhecer pessoas cujo primeiro contato se dá pela tela na palma da mão. Enfim, são muitas as possibilidades que hoje se apresentam em nossas vidas. Isso tudo impacta nossas escolhas, e a decisão profissional não fica de fora. A busca por um “match” com uma profissão pode ser observada de diversas formas, desde a conhecida busca por um “teste” que dará uma resposta clara, até o aparecimento de novas ferramentas digitais e algoritmos que trazem a promessa do caminho descomplicado.

 

Não há dúvidas de que ferramentas podem contribuir para a ampliação de repertório (não apenas sobre cursos, mas também de instituições onde se pretende estudar, por exemplo), para a descoberta de novas possibilidades antes desconsideradas e conexões que antes poderiam passar despercebidas. Porém, a realidade é que se caminha para uma complexidade maior na tomada de decisões, e não necessariamente a uma resposta mais fácil ou evidente. Se as informações são analisadas com cautela, profundidade, dedicando tempo e atenção, percebemos que a superfície pode ser uma armadilha para escaparmos da inquietude de decisões importantes. Ou seja, escolher a profissão, mesmo que não seja definidora do “resto da vida”, é uma escolha extremamente importante na etapa de vida dos jovens, trazendo dúvidas ou até mesmo dilemas. Inclusive para aqueles que já sabem que curso seguir, há outras decisões atreladas, tais como: onde estudar, que curso posso (ou minha família) arcar financeiramente, se há disposição e possibilidade de morar em outra cidade, entre outras. Ao obter informações mais facilmente, não significa que as decisões são mais fáceis, mas podem sim ser mais conscientes, uma vez que pautadas em critérios que precisam entrar em jogo ao comparar muitos dados. Nesse sentido, a habilidade de filtrar e selecionar aquilo que é relevante é essencial frente a um universo de muitas opções. Isso vale para todos nós, não apenas para quem está prestes a definir seu curso (que inclusive pode ser bacharelado, licenciatura, técnico ou tecnólogo), pois é comum nos sentirmos atordoados até com uma simples pesquisa de preços na internet. Nosso cérebro é inundado de elementos e referências que precisamos organizar, apurar e eleger. Na prática, está ao nosso alcance e é essencial incentivar os alunos a:

 

  • Buscar informações em fontes confiáveis, por exemplo, instituições consolidadas ou que sejam referência naquele assunto; artigos de profissionais que tenham amplo conhecimento sobre a área;
  • Acessar pesquisas, relatórios e artigos sobre tendências do futuro do trabalho (por exemplo, McKinsey Global Institute*);
  • Atualizar-se em relação a novas áreas de atuação, impactos da tecnologia nas áreas de interesse;
  • Conversar com profissionais da área que se pretende cursar, tirar dúvidas, ouvir sobre o dia a dia profissional (pode ser com um familiar, pai/mãe de um colega da escola, vídeos na internet…);
  • Conversar com ex-alunos da instituição onde se pretende estudar, se possível, para conhecer detalhes sobre a dinâmica do curso;
  • Utilizar ferramentas ou levantamentos como mais uma fonte de pesquisa nesta jornada, não como único parâmetro de decisão.

 

Com isso, fica claro que para as escolhas importantes da vida, há trabalho na busca por respostas e algum caminho que seja satisfatório. Já convivemos com os avanços tecnológicos e é também nosso papel auxiliar os jovens a fazer um uso lúcido e responsável dos recursos disponíveis, para que estes favoreçam uma escolha autêntica. Caso contrário, os recursos serão usados para buscar respostas prontas, carregadas da ilusão de que há um caminho único a seguir, livre de arrependimentos, anseios ou hesitações. É justamente aí que nossa humanidade não se modifica: somos múltiplos, podemos gostar de muitas coisas ao mesmo tempo, temos dúvidas, mudamos de opinião ou de interesses ao longo da vida. E, assim, o colorido de nossa existência vai nos desafiando a encarar as bifurcações do caminho

*McKinsey Global Institute – The future of work after COVID-19, 18 de fevereiro de 2021. Disponível em:

https://www.mckinsey.com/featured-insights/future-of-work/the-future-of-work-after-covid-19

 

Texto: Mariana Gonçalo

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