Escutamos nos últimos tempos muitas pessoas falarem sobre a necessidade de nos portarmos e levarmos a vida com mais “leveza”. Mas afinal, o que significa essa expressão tão utilizada atualmente? Qual o verdadeiro convite que se esconde por trás deste conselho?
Segundo o dicionário, leveza é “caráter do que é singelo, delicado; singeleza, airosidade, frescor.” Airosidade?… Mais uma palavra que provoca… Partindo para mais uma pesquisa, descubro que airosidade significa “1. boa aparência, elegância. 2.comportamento amável e atencioso; gentileza.”
Opa! Elegância. Gentileza. Realmente é sobre isso que se trata a leveza e, como disse Cora Coralina, “se a gente cresce com os golpes duros da vida, também pode crescer com os toques suaves na alma.”
E qual o toque mais suave que a gente pode produzir se não um sorriso? Afinal, para fazermos o famoso “beicinho” são necessários setenta e dois músculos e para sorrir apenas doze. Que lindo podermos ser elegantes de onde quer que estejamos, seja como for ou pelo que estivermos passando, sem desprender tanto esforço.
Estes dias, assistindo a um psicólogo, ele contava sobre os pacientes que nunca riem; que ao relatarem suas histórias eram incapazes de esboçar ao menos um sorrisinho. E citando um colega americano, disse: “quando um neurótico se torna capaz de rir de si mesmo é sinal de que a cura se aproxima.”
E ao ouvi-lo, lembrei de quantas vezes o riso também me curou. Das quantas vezes que olhei para as tragédias da vida e me desafiei a enfrenta-las com bom humor e leveza, não permitindo me entregar, mas superar e fazer a vida ser boa ‘apesar de…’
No livro Em busca de Sentido, o psiquiatra Viktor Frankl fala sobre o humor e de como ele, somado a arte, foram válvulas de escape para que ele e os seus amigos de prisão, diante do cansaço e do horror dos campos de concentração, encontrassem algum alívio. Frankl fala que “dificilmente haverá algo na existência humana tão apto como o humor para criar distância e permitir que a pessoa passe por cima da situação, mesmo que por alguns segundos.”
Minha mensagem é uma convocação para que nós possamos sorrir mais, com mais LEVEZA, humor, verdade e intensidade. Que não nos levemos tão à sério, mas que nos ocupemos em olhar para a vida com os olhos de criança, capaz de se encantar e se maravilhar com as coisas mais simples e que, principalmente, não esconde o sorriso, mas o oferece de forma sincera e gratuita.
Eu sei que parece difícil falar sobre isso em meio a dias tão conturbados, porém se nós encararmos a leveza como um MEIO e não um FIM, teremos nas mãos uma excelente ferramenta para tornar a vida muito mais agradável.
Que possamos tocar a alma de cada um dos que convivem com a gente – à distância ou presencialmente – com o gesto mais suave… o sorriso.
Desejo a cada um de nós não apenas dias com humor, mas uma vida inteira de graça, serenidade, gentileza, afeto, generosidade, frescor, airosidade…
Que sejamos leves e tenhamos uma VIDA leve!
E como teria dito um soldado romano ao se converter ao cristianismo, “Cras non, hodie!”. Amanhã não, hoje!
Texto: Cristiane Zorrer | Foto: Depositphotos