Autoavaliação e sua importância no autoconhecimento: “Conhece a ti mesmo” - Colégio PoliBrasil

Autoavaliação e sua importância no autoconhecimento: “Conhece a ti mesmo”

 

Na Grécia Antiga havia um famoso oráculo* em Delfos que os gregos acreditavam ser capaz de dizer coisas sobre o seu destino. Ao entrar no templo, o visitante podia ler a inscrição: ‘conhece a ti mesmo’. Alguns dizem que por ela estar bem na entrada deste local, era intuito que o visitante entendesse que muitas respostas surgem quando olhamos para dentro.

De fato, o autoconhecimento não é algo da atualidade e desde que se tem registros na história, as pessoas buscam se conhecer e pensar em formas de agir melhor rumo a uma vida mais feliz. Questionamentos sobre “quem de fato sou eu”, “quais são meus limites”, “quais as minhas potencialidades” e o “que eu realmente quero” são alguns que, inevitavelmente, aparecem ao longo da nossa vida e na história da humanidade.

O professor Leandro Karnal, em uma de suas palestras, orienta que a vida que levamos é a vida escrita por nós e não a dada pelo destino ou pelo karma e, por esse motivo, conseguir responder minimamente essas perguntas nos leva a uma vida mais condizente com quem somos e consequentemente muito mais feliz.

A autoavaliação pode ser a primeira etapa para se atingir o autoconhecimento. Inicialmente, ao pararmos para pensar pode parecer que nossos sentimentos, pensamentos e intenções sejam óbvios, mas quando refletimos sobre eles vemos que deixamos passar alguns detalhes que poderiam nos levar a perceber algumas coisas tarde demais. Alguns pensadores afirmam que temos todas as respostas para as nossas perguntas dentro de nós, mas que muitas vezes sentimos medo de reconhecê-las.

No livro Como Ensinar Bem, o professor Leo Fraiman inicia sua abordagem com o tema Autoconhecimento do educador e faz um convite a uma autoavaliação sistemática para que, por meio de uma auto-observação, possamos nos avaliar e mudar o que incomoda, fortalecendo o que nos agrada.

Integrar e incentivar esse processo com nossos alunos em sala de aula é muito importante, seja no processo de autoavaliação pessoal ou dos aprendizados. Existem diversas formas de desenvolver a autoavaliação, desde perguntas discursivas até questões alternativas, mas objetividade e assertividade são essenciais.

A ideia é propor um espaço aberto para que eles tomem consciência durante o percurso da aprendizagem e se responsabilizem de alguma forma, mas não deve ser uma ferramenta meramente formal e nem apenas ao final de um ciclo de aprendizagem, pois isso pode gerar frustrações de ambos os lados. Primeiro, porque estamos habituados a esperar que o outro diga o que está bom e o que podemos melhorar em nós e segundo, porque muitas vezes esperamos que os nossos alunos tomem consciência do que precisam melhorar e queremos que isso aconteça de forma mágica. Daniel Goleman, em seu livro Inteligência Emocional, nos coloca que: ‘existe uma diferença lógica entre estar consciente de algo e agir para poder mudar’.

A intenção desse texto não é trazer nenhuma resposta ou regra acerca desta temática, mas sim levantar questões sobre isto e estimular a busca constante da autoavaliação como estratégia para melhorar as características que nos incomodam e a potencialização das características que nos deixam orgulhosos de quem somos. E se nós mesmos desenvolvermos essa capacidade, será muito mais fácil ensinar esse processo aos nossos alunos!

Para isso, podemos iniciar com questionamentos sistemáticos sobre: como chegamos até aqui? Onde queremos chegar? Quais as nossas fraquezas e potencialidades? Como eu estou com relação às minhas atividades dentro do meu trabalho? Como eu tenho me empenhado em me aprimorar sobre o que eu faço? Como é a minha comunicação? E o meu comprometimento com o mundo, com meus valores e comigo mesmo? Como estou com relação ao uso de ferramentas tecnológicas? Quais estratégias eu tenho utilizado em minhas aulas e quais eu gostaria de utilizar? Como estão as minhas relações humanas, em casa e no trabalho?

A partir destas simples perguntas é possível vislumbrar um caminho, o que pode colaborar muito para o desenvolvimento do autoconhecimento. Lembre-se que respondê-las é algo que deve ser feito em um momento dedicado a isso e é um processo individual. Não há resposta certa ou errada, sendo assim, tente fugir de julgamentos complacentes ou rigorosos demais. Saber o seu valor não é falta de humildade e reconhecer as suas falhas não é fraqueza. Ao contrário, é o caminho para o que buscamos desde a Grécia antiga, o que Aristóteles chamou de eudaimonia, que significa mais do que felicidade! Para ele, eudaimonia é quando nós atingimos o ponto onde expressamos aquilo que nós somos de verdade ou que representa os nossos valores internos.

* Oráculos eram templos religiosos dedicados aos deuses gregos, esse no caso ficava na cidade de Delfos e era dedicado ao deus Apolo. As pessoas iam até esse local em busca de previsões sobre futuro, conselhos e orientações dadas, por meio de sacerdotes e sacerdotisas que falavam em nome do deus do templo.

Bibliografia utilizada:

– CHAUÍ, M.; Convite à Filosofia; Editora Ática; 2008.

– GOLEMAN D.; Inteligência Emocional; Editora Objetiva; 2017.

– KARNAL, Leandro. Conhece a ti mesmo. 2016. (13m20s). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=LRBYmsuyFYI >. Acesso em: 19 jul. 2020.

– CORTELA, Mario Sérgio. Alice no País das Maravilhas e Matrix – Mario Sergio Cortella. 2019. (6m12s). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=dpp3XFsTXnw>. Acesso em: 19 jul. 2020.

– FRAIMAN, L.; Como ensinar bem crianças e adolescentes de hoje; Editora Esfera; 2013.

– BIBIANO, B; Autoavaliação: como ajudar seus alunos nesse processo; “Disponível em: < https://novaescola.org.br/conteudo/432/autoavaliacao-como-ajudar-seus-alunos-nesse-processo# >”; Acesso em 22 Jul. 2020.

Texto: Fernanda Galisteu | Foto: Depositphotos

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